A Saudade Em Mim

Saudade, essa palavra que só existem em português, desde muito cedo é um vocábulo que faz parte de meu contexto.
Eu era ainda criança quando deixei minha pequena cidade natal e vim morar em São Paulo. Desde então, esse sentimento de nostalgia me persegue.
Voltei algumas vezes à minha terrinha, mas nunca mais foi a mesma coisa. O colégio agora parecia tão pequeno. Onde é mesmo que eu brincava de “A corrente pega gente, quem tem medo sai da frente…”?  E a professora já não se importava mais tanto com a sua “melhor aluna”, parecia mesmo que nem se lembrava mais de mim… Mas o pior foi ver a bela casa com pomar e jardim onde eu passei meus primeiros e inesquecíveis anos de vida,  tão diferente, pintura descascada, plantas mal cuidadas, tão triste e tão feia e tão sem vida… Onde estavam os cajus e abacates, os pássaros canoros e até os mandruvás e bichos-papões que tanto me apavoravam? Foi um golpe forte ver assim a casa que um dia fora nossa. Lembro muitas vezes de Carlos Drumond de Andrade, em seu texto “Vende a casa”, onde ele se refere às fibras, mais fortes  que laços que o prendiam à casa que ele estava vendendo com o coração apertado. Tantas memórias, tanta vida ali vivida. Pensei sinceramente em comprar aquela casa e trazê-la de novo à vida. Foi só um sonho de criança.
E foi assim, cresci em meio à saudade da terra natal, da infância lá deixada, dos parentes e amigos, das mangueiras e do poeirão vermelho, do cheiro de chuva na terra, dos vagalumes nas noites de lua, dos desenhos lidos nas estrelas e nas nuvens. Bons tempos que não mais voltam, da infância tão bem conduzida pelos meus pais.
Depois, vim a conhecer uma saudade muito mais amarga: da falta de um ente querido. E foi essa São Paulo, a metrópole que me acolheu e que eu aprendi a amar, a mesma que já me havia tirado Presidente Epitácio, que agora me leva também minha única irmã e anos depois, meu pai. A dor de perder  alguém amado é indescritível e porisso eu não tenho como escrever aqui, nem quero reviver tal dor. Mas é natural que sintamos tanta falta de pessoas tão especiais e que conviveram anos conosco, nos fizeram de certa forma, ser o que somos. É uma saudade que cala fundo, uma ferida que o tempo cicatriza e que se ameniza com a certeza que temos de que essas pessoas queridas ainda estão cá em nosso coração, muito do que foram vivem em nós. É assim que eu me sinto em relação ao meu pai e à minha irmãzinha.
Mas como explicar essa saudade de alguém que não conheci? Como posso amar tanto alguém que sequer vi, nunca apertei sua mão, não lhe abracei, nem rocei sua face com um leve beijo? Não sei o seu cheiro nem a textura de sua pele… Como posso me identificar tão fortemente com alguém com quem nunca convivi? Mais estranho ainda é quando esse alguém em questão é, nada mais  nada menos do que o maior artista que já houve?
Foi então que parti em busca de resposta. E, como nos tempos em que viajava pra minha pequena Epitácio procurando a infância perdida, fui à Terra do Nunca, em busca do meu Peter Pan. Desnecessário dizer da dor que sinto e da falta imensa que tenho dele…. É isso mesmo, por mais paradoxo que pareça ser, eu tenho falta dele, como se a falta fosse algo que se possui e que pudesse preencher esse vazio.
Claro que, como a minha infância tão bem vivida me deixaram marcas indeléveis, meu amado Michael Jackson também deixou um legado que é um verdadeiro tesouro. Tenho não só músicas e danças e desenhos – sim, ele também era um excelente desenhista – , mas um exemplo humanitário a ser seguido e que me dá uma causa a mais na vida. Isso me faz mais plena, assim como as lembranças dos meus tempos de menina, tão moleca que eu era!
E lá na Terra do Nunca…  Texto completo aqui

fonte: http://falandodemichaeljackson.wordpress.com/

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